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Portugal mudou a sua imagem nas plataformas digitais. Agora, o site do Governo é Portugal.gov.pt e a identidade visual da República Portuguesa também surge alterada nas redes sociais do Facebook, do Linkedin e no X, o antigo Twitter.
Para a grande maioria da população, esta alteração passou despercebida, mas a “renovação” da identidade de Portugal no meio digital merece uma leitura mais fina.
A bandeira portuguesa surge mais estilizada, com o verde e o vermelho presentes em dois retângulos, interligados por uma esfera armilar depurada, na qual não estão visíveis nem as cinco quinas nem os sete castelos.
Foi a Eduardo Aires, professor da Faculdade de Belas Artes do Porto, responsável pela renovação da identidade visual da cidade do Porto, do Mercado do Bulhão ou da Livraria Lello, quem coube a conceção da nova imagem de Portugal.
Qual o significado desta alteração? Porque sentiu o Estado necessidade de o fazer? Num país que caminha para a uma maior (e transversal) digitalização, esta mudança é entendida como um sinal dos tempos. O país assume como natural a evolução, sem perder a sua identidade, naquilo que nos une.
Ontem como hoje, a representação gráfica da bandeira nacional é comunicação! E como a comunicação visual encerra mensagens implícitas e explícitas, tudo nesta renovação nos remete para uma significação, que vai ao encontro da definição semiótica dos emblemas proposta por Umberto Eco.
A semiótica é o estudo da construção dos signos, isto é, dos significados. A bandeira nacional é um emblema, é um símbolo da soberania de Portugal, da independência, da unidade e integralidade do território lusitano.
A nova interpretação da bandeira nacional representa as cores e a esfera num conceito mais estilizado e depurado, mas perfeitamente identificável com a representação gráfica tradicional. Aqui o verde (da esperança e do progresso) e o vermelho (do sangue e da vida) surgem assimétricos e o centro, de forma redonda, é uma “tradução” atualizada esfera armilar manuelina, que nos remete para a glória dos Descobrimentos.
Renovar a imagem de Portugal nas plataformas digitais significa, desde já, que é preciso combater a estagnação e que esta mudança é o assumir de uma vontade de uma maior inclusão. Os símbolos nacionais, portadores de mensagens, pretendem unir um povo.
A nova representação da República Portuguesa nos meios digitais mostra que um país não esquece os seus símbolos, mesmo que lhes dê um novo ar, porque, afinal de contas tudo é… comunicação.